Metade da população mundial vive em cidades e, até 2050, segundo a ONU, essa proporção será de 70%. As cidades terão de se preparar para garantir a viabilidade do trânsito e uma das apostas é a Mobilidade como Serviço (Mobilty as a Service – MaaS).
Os congestionamentos podem custar de 2% a 4% do PIB nacional e a Mobilidade como Serviço será uma alternativa à cultura do automóvel, possibilitando a reestruturação das cidades e proporcionando mais qualidade de vida aos passageiros.
Assim como outros serviços sob demanda, o transporte de passageiros também se voltará à necessidade específica dos usuários, não mais dependendo de rotas com horários preestabelecidos, como ocorre hoje.
Veículos elétricos, autônomos e transporte compartilhado serão comuns em breve e o MaaS está no ponto central dessas mudanças. O Brasil, inclusive, é um dos países que mais adotam a mobilidade compartilhada, aponta a McKinsey & Company.
Entretanto, para que esse modelo funcione, será fundamental recorrer à alta tecnologia capaz de conectar operadores de transporte e passageiros. Mas, afinal, o que é e como funciona a MaaS no Brasil? É isso o que vamos discutir neste post. Boa leitura!
O que significa Mobilidade como Serviço?
A Mobilidade como Serviço é um formato de negócio que propõe uma gestão de viagens mais dinâmica, baseada na oferta de serviços personalizados. Tem como objetivo otimizar a experiência do usuário e complementar a oferta de transportes das cidades.
No Brasil, o número de smartphones ativos é maior do que o número de habitantes. Com o fácil acesso à internet, a MaaS é plenamente viável e está cada dia mais próxima da nossa realidade.
Em resumo, a Mobilidade como Serviço envolve a oferta equilibrada de meios de transporte e o usuário baseia sua escolha em dados do trânsito em tempo real. Para que os usuários tenham essa comodidade, porém, é fundamental usar plataformas tecnológicas eficientes e tornar o conceito uma política pública.
O que é MaaS?
MaaS é a sigla para Mobilty as a Service – em português, Mobilidade como Serviço. Como o próprio nome diz, a ideia é tornar a mobilidade um serviço, reduzir o uso de veículos particulares, integrar os diversos modais de transporte e melhorar a fluidez do trânsito.
Por meio de tecnologia – aplicativos, por exemplo – o usuário escolhe o trajeto desejado, o horário, o modal e a forma de pagamento mais convenientes. Já as empresas de transporte ficam integradas, o que otimiza o uso da frota e os roteiros.
A tendência é que a Mobilidade como Serviço torne os serviços públicos e privados de transporte de passageiros unificados e complementares, centralizando informações sobre horários, rotas e pagamentos em uma única plataforma digital.
Se as pessoas já fazem quase tudo por meio de smartphones – compras pela internet, pedidos de comida, transações bancárias e até consultas médicas via telemedicina – por que não ter plataformas integradas de transporte?
Como surgiu o conceito de Mobilidade como Serviço (Maas)?
Nos últimos anos, a relação de empresas e consumidores mudou e fez surgir o conceito de EaaS (Everything as a Service – Tudo como Serviço). Das empresas de SaaS (Software as a Service) aos serviços streaming de músicas e filmes, quase nada ficou de fora, nem mesmo a mobilidade.
Foi assim que surgiu o conceito de Maas, que coloca o passageiro no centro da atenção para tornar a experiência de mobilidade mais satisfatória e personalizada. A proposta nasceu na Finlândia e, por lá, já trouxe resultados importantes à política nacional de transportes.
O finlandês Sampo Hietanen é o “pai” do conceito e, em 2014, apresentou a Mobilidade como Serviço em uma Conferência de Tecnologia. Em 2016, os moradores de Helsinque passaram a usar um aplicativo para planejar os deslocamentos e pagar, em uma única plataforma, todos os serviços de transporte público e privado (trem, ônibus, táxi e até bicicletas compartilhadas).
Como funciona a Mobilidade como Serviço?
A Mobilidade como Serviço reúne, em uma plataforma, todos os modais de transporte, que podem ser escolhidos e utilizados sob demanda, ficando disponíveis assim que o usuário solicita a viagem.
Todos os meios de transporte público e privados são centralizados e o passageiro opta por sistemas de pré ou pós-pagamento. Dessa forma, via aplicativo, é só pedir o transporte e pagar pelo uso, conforme o tempo de duração da viagem ou a quilometragem percorrida.
É semelhante aos aplicativos de viagem existentes hoje ou apps para utilização de scooters e bicicletas compartilhadas, com a diferença de que, na MaaS, a plataforma reúne todos os meios de transporte.
Em Munique, na Alemanha, até o aluguel de carros funciona por aplicativo. O sistema envia um código para o smartphone e, com ele, o usuário consegue abrir a porta do automóvel mais próximo.
A diferença da MaaS é a integração total: o usuário não precisa mais baixar vários aplicativos e fazer pagamentos separadamente. Tudo fica centralizado.
Transporte sob demanda X transporte tradicional
Com a Mobilidade como Serviço, o transporte rodoviário será ditado pela demanda de cada usuário, complementando o sistema de ônibus tradicional. A MaaS é complementar ao que já existe hoje nas cidades.
No Brasil, é impossível pensar que todos os passageiros têm acesso à internet. Além disso, a substituição acarretaria uma concorrência predatória entre as empresas de transporte. Portanto, o objetivo da iniciativa é apenas dividir o volume de pessoas entre os modais e não acabar com o que existe.
Qual o objetivo da mobilidade?
A mobilidade está diretamente relacionada à capacidade e à facilidade que as pessoas têm de chegar a diferentes lugares que fazem parte da sua rotina: trabalho, escola, universidade, supermercado, agências bancárias, hospitais, parques, cinema, teatro, casa de amigos e familiares etc.
O objetivo é facilitar o cotidiano, reduzir o tempo gasto nos deslocamentos e promover mais qualidade de vida e bem-estar. Para isso, requer infraestrutura e cada vez mais tecnologia para prever as necessidades da sociedade.
Envolve, portanto, as condições e inovações que as cidades oferecem aos seus habitantes, como a infraestrutura das ruas e avenidas ou a qualidade dos modais de transporte público.
O que é serviço de mobilidade urbana?
O serviço de mobilidade urbana considera as necessidades dos passageiros e ainda que as pessoas tenham, na maioria das cidades, opções que vão do transporte coletivo ao individual e até a micromobilidade, o foco é no coletivo.
Além de buscar mais eficiência do transporte, trabalha também as estratégias para reduzir o número de veículos nas ruas e o quanto as pessoas gastam para se deslocar.
Não é errado dizer que o serviço de mobilidade potencializa o sistema multimodal de transporte urbano.
MaaS e o transporte público
O transporte público é o meio mais comum de deslocamento nas cidades. É um serviço oferecido por concessão pública, mas, em muitos casos, a qualidade deixa a desejar. Isso faz com que os usuários utilizem seus carros particulares ao invés dos meios coletivos de transporte.
Os serviços de viagem por aplicativo ocuparam importante fatia do mercado e a estimativa é que, até 2024, o número de usuários ultrapasse 23 milhões em todo o mundo.
Agora imagine juntar ônibus, metrô, vans, táxis, bicicletas e scooters em uma plataforma de MaaS. Empresas, usuários e governos teriam benefícios. Só que, para o modelo funcionar, é necessário ter a participação de todos os envolvidos.
Como a Mobilidade como Serviço mudará o panorama dos transportes?
No Brasil, cerca de 65% da população utiliza transporte público, segundo dados da NTU – Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano, mas há queixas em relação ao tempo gasto no deslocamento, à qualidade dos serviços, aos constantes atrasos e aos preços da passagem.
Neste sentido, a Mobilidade como Serviço será fundamental para melhorar a satisfação dos usuários e tornar as cidades, de fato, inteligentes. As transformações digitais e os novos hábitos dos consumidores levarão a isso, naturalmente:
- Personalização das rotas, evitando a circulação de ônibus, por exemplo, em áreas com baixa demanda de passageiros;
- Facilidade no pagamento com a integração de todos os modais e pagamentos únicos via plataforma;
- Menos congestionamento e menos poluição nas cidades;
- Novas oportunidades de negócios, melhor controle financeiro e operacional e fomento à economia;
- Mais facilidade para quem não tem carro, pois terá meios de transporte diretos entre o ponto de partida e de chegada;
- Mais agilidade nos deslocamentos.
O futuro do transporte rodoviário
Quando se fala em transporte rodoviário, o problema vai além dos congestionamentos. O acúmulo de veículos desperdiça combustível, o que eleva o gasto com este insumo. Além disso, aumenta a emissão de CO2.
Há ainda um agravante: quem possui veículo próprio prefere enfrentar este cenário em seu carro a usar o transporte coletivo. No entanto, isso torna-se um ciclo:
- O uso de carro particular gera mais congestionamento e atrasos.
- Há, portanto, uma redução da demanda por ônibus.
- Ocorre, por consequência, o aumento de seu custo operacional e a tarifa do transporte coletivo sobe.
- Com a passagem cara, mais pessoas busquem o transporte individual.
Esse fluxo agrava o espaço urbano, ou seja, o modelo atual não é econômico nem sustentável, tampouco seguro (mais veículos nas ruas, mais acidentes). É para reverter esse cenário que o transporte sob demanda entra em cena.
Gestão baseada em dados e a facilidade no pagamento
Por vários motivos, a adoção da MaaS é uma saída vantajosa. Primeiro, porque alivia os congestionamentos. Segundo, porque torna o serviço mais conveniente e cômodo para os usuários.
Ainda que a MaaS não esteja totalmente incorporada às cidades, já existem ferramentas tecnológicas que caminham nesse sentido:
- Automação de processos de gestão da informação.
- Bilhetagem eletrônica.
- Controle de linhas.
- Acompanhamento do ônibus em tempo real.
- E-hailing (requisição de veículos por meio de dispositivos móveis).
- Avaliação de desempenho da frota (BI).
21 vantagens do MaaS
Não é só para o passageiro que a Mobilidade como Serviço é promissora. Empresas de transporte rodoviário de passageiros e setor púbico também se beneficiam.
Empresas
- Redução de custos operacionais para as empresas e aumento na demanda de passageiros;
- Gestão integrada e maior controle de dados;
- Viabilidade de linhas especiais, em horários específicos;
- Informações aprimoradas sobre o perfil dos usuários e novas oportunidades de negócios, satisfazendo necessidades não atendidas no sistema tradicional;
- Aumento da produtividade, melhor gerenciamento da frota e roteirização, já que, no transporte sob demanda, os ônibus só fazem as paradas necessárias para os passageiros embarcados e considera trajetos mais rápidos, cuja linha também é mais curta.
Setor público
- Mais segurança no trânsito e atendimento à população em locais que ainda não são atendimentos normalmente por transporte público tradicional;
- Compartilhamento de viagens com tendência de redução no custo da passagem, uma vez que o custo do passageiro transportado por quilômetro rodado diminui;
- Solicitação de viagem por aplicativo, com detalhamento de localização, horário e destino;
- Unificação de dados das empresas e do poder público que permitirão conhecer melhor os gaps da mobilidade, contribuindo para o planejamento estratégico;
- Reconhecimento das necessidades dos usuários e criação de “pacotes” personalizados de serviços e pagamentos.
- Efetivação do conceito de cidade inteligente.
Passageiros
- Mais conforto, comodidade e praticidade;
- Redução dos custos com manutenção do veículo próprio e combustível;
- Facilidade de pagamento em um único canal;
- Possibilidade de combinar diferentes modais, incluindo trechos de caminhada e ciclismo;
- Aumento da competitividade entre as empresas que prestam serviço de transporte, mais diversidade, melhoria na eficiência e tarifas mais dinâmicas.
- Fim da necessidade de dirigir em horários de pico.
Sociedade
- Redução nos níveis de poluição atmosférica;
- Menos congestionamento e mais qualidade de vida;
- Movimentação de pessoas de modo mais rápido e sustentável;
- Mais flexibilidade no deslocamento nas cidades.
Como a Mobilidade como Serviço está avançando no Brasil?
À medida que as cidades crescem, mais a MaaS se mostra necessária. Alguns locais já se anteciparam e oferecem ônibus sob demanda. O modelo funciona, basicamente, como os serviços de transporte por aplicativo.
Goiânia (GO), Fortaleza (CE) e Distrito Federal, por exemplo, oferecem sistemas baseados em MaaS para o agendamento de viagens e solicitação de veículos adaptados para cadeirantes.
Na capital goiana, a concessionária de ônibus da região metropolitana administra o sistema e os usuários apenas baixam um app. Ao solicitar a viagem, o sistema mostra o ponto indicado para embarque. O pagamento pode ser feito por cartão de crédito ou débito.
Em Fortaleza, o aplicativo para o transporte com vans compartilhadas é semelhante aos aplicativos de viagem individual e o usuário sabe, antecipadamente, o valor da corrida.
O mesmo ocorre no Distrito Federal, que unificou os serviços de ônibus e metrô com o uso de um cartão de transporte único.
A tecnologia e a Mobilidade como Serviço
A padronização dos dados e dos serviços é apenas uma das vantagens da MaaS. A tecnologia permite um avanço imenso na mobilidade e na qualidade de vida. Além de conectar diferentes modais, a plataforma dinamiza a cobrança das passagens e agiliza as informações fornecidas aos passageiros.
Com o uso de recursos tecnológicos é possível comparar rotas, aumentar as opções de horário, aumentar a visibilidade operacional e permitir que o usuário acompanhe o trajeto em tempo real.
A MaaS faz ainda a integração tarifária e a oferta de múltiplos prestadores de serviço, uma interface digital descomplicada que abre um universo de possibilidades. O alto volume de dados compartilhados também é gerido de forma organizada e segura. A mescla de todos os modais gera economia e oferece novas experiências aos usuários.
Mundo digital
O mundo já é digital, as pessoas já estão conectadas e a mobilidade vai mudar consideravelmente nos próximos anos.
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