Grandes cidades enfrentam grandes desafios e a mobilidade urbana é um deles. Toda a movimentação das pessoas depende de um sistema eficiente de transporte, que ganha novas possibilidades com a eletromobilidade.
Além da necessidade de sistemas modernos de transporte coletivo, as cidades precisam também reduzir a emissão de poluentes atmosféricos, outra vantagem das tecnologias limpas. A eletromobilidade é hoje uma das soluções para atenuar os impactos negativos do trânsito e reduzir os danos ambientais.
Empresas que já investem ou planejam investir em eletromobilidade, complementando a sua frota atual com veículos mais modernos, têm grandes chances de se diferenciar no mercado e melhorar a competitividade. Só precisam de bons sistemas de gestão para fazer isso.
Neste artigo, vamos abordar tudo o que você precisa saber sobre o assunto e mostrar como aprimorar o transporte com ônibus elétricos. Boa leitura!
O que é eletromobilidade?
A eletromobilidade representa um serviço com um padrão de qualidade mais elevado para o passageiro, que passa a contar com veículos modernos para seu deslocamento, não poluentes, silenciosos, confortáveis e com um design mais avançado.
Basicamente, a eletromobilidade diz respeito ao uso de veículos elétricos ou híbridos. É um conceito que envolve mudanças culturais nas empresas e requer nova visão dos agentes do poder público de municípios e estados, já que precisam de infraestrutura e tecnologias que permitam a implementação desses sistemas.
Eletromobilidade, o modelo do futuro
A eletromobilidade vai complementar as frotas atuais e, aos poucos, transformar o modelo de transporte coletivo tradicional, adotado há décadas, em um sistema mais limpo e aliado do meio ambiente.
Ou seja, representa o futuro da mobilidade urbana e, ainda que exija investimento alto das empresas em um primeiro momento, terá seu custo compensado a longo prazo.
Tipos de ônibus elétricos
Nem todo ônibus elétrico se utiliza da mesma tecnologia e, com o avanço da indústria da mobilidade, surgem novos modelos e opções para as empresas que desejam investir em eletromobilidade.
Confira os principais tipos de ônibus elétricos:
TRÓLEBUS
É o tipo mais popular de ônibus por tração elétrica no Brasil. São movidos por catenárias – cabos conectados à parte superior do ônibus e à rede elétrica que cobre todo o itinerário da linha. Tem baixa ou nula emissão de gases do efeito estufa.
Surgiram na Europa, no final dos anos 1880, e são considerados os primeiros ônibus totalmente elétricos. Em 1920, nos EUA, essa tecnologia ganhou destaque no sistema de transporte coletivo urbano. No Brasil, o primeiro trólebus foi usado em São Paulo, em 1949. No Corredor Metropolitano ABD, por exemplo, são quase 100 veículos em mais de dez linhas.
HÍBRIDOS-ELÉTRICOS
Contam com dupla fonte de energia. A partida depende de um motor a diesel e a locomoção é feita com motor elétrico. Tem baixa emissão de gases de efeito estufa e apresentam vantagens em comparação aos ônibus convencionais a diesel: melhor eficiência energética e menos ruído.
Outra vantagem é a possibilidade de usar combustíveis estratégicos da matriz energética brasileira – como o etanol e o biodiesel – e de não necessitar de grandes adequações de infraestrutura.
A desvantagem, porém, está no custo de aquisição e no peso do sistema de propulsão, além de necessidade de manutenções periódicas por causa do uso combinado da tração térmica e elétrica.
ELÉTRICOS A BATERIA
Seu acionamento é feito por um motor totalmente elétrico, alimentado por um conjunto de baterias instalado dentro do ônibus. Tem autonomia para rodar até 250 km e não emite gases de efeito estufa.
Os primeiros ônibus elétricos a bateria eram de pequeno porte, como micro-ônibus. Por volta de 2010, com os avanços na tecnologia das baterias, os ônibus deste modelo passaram a ser mais frequentes.
Neste tipo de veículo, a energia elétrica é fornecida por uma fonte externa armazenada em uma bateria, que precisa ser reabastecida.
ÔNIBUS A HIDROGÊNIO
A tecnologia é a promessa para uma nova geração de veículos com zero emissões de gases poluentes. Com dois componentes principais – uma célula de combustível e uma bateria – o próprio ônibus produz a energia elétrica para “abastecer” os motores elétricos.
Por pesar menos do que outros ônibus, tem autonomia maior e pode chegar a 500 km, mas o maior entrave é o custo desta tecnologia.
Siglas de veículos elétricos
EV – Electric Vehicle (veículo elétrico): identifica veículos que usam apenas eletricidade para a locomoção.
BEV – Batery Electric Vehicle (veículo elétrico a bateria): trata-se de um veículo EV com um conjunto de baterias para alimentar os motores e demanda recarga externa em tomadas ou carregadores rápidos.
HEV – Hybrid Electric Vehicle (veículo elétrico híbrido): modelos que combinam motor a combustão e unidade elétrica.
PHEV – Plug-in Hybrid Electric Vehicle (veículo híbrido plugável ou de recarga externa): similar ao HEV, seu diferencial é a necessidade de recarga externa das baterias em tomadas ou eletropontos.
MHEV – Mild Hybrid Electric Vehicle (veículo híbrido leve): prioriza o motor a combustão, mas mantém um pequeno motor elétrico para auxiliar em algumas situações. O objetivo principal é economizar combustível.
FCEV – Fuel Cell Electric Vehicle (veículo elétrico com célula de combustível): são os que usam hidrogênio líquido pressurizado, combinado ao ar, para gerar eletricidade a partir de uma reação química. A eletricidade é obtida por um processo que combina hidrogênio e água.
REEV – Range Extended Electric Vehicle (carro elétrico de autonomia prolongada): tem motor a combustão que funciona como um gerador de eletricidade quando a carga da bateria fica muito baixa. Embora estenda a autonomia até um ponto de recarga, não é um motor capaz de movimentar o veículo.
Como a eletromobilidade avança no Brasil?
O uso de ônibus elétricos vem crescendo em toda a América Latina. O Chile tem a maior frota e o Brasil está em quarto lugar no ranking da região, principalmente em função da frota de trólebus. O Chile tem mais de 800 ônibus elétricos e o Brasil, cerca de 350 – a grande maioria operando na capital paulista.
Em São Paulo, a Lei 16.802/18 determinou um cronograma para que todos os ônibus em circulação sejam de baixa emissão. Até 2038, a meta é reduzir os poluentes e o compromisso foi incorporado aos contratos de concessão.
Atualmente, a frota paulistana é a maior do Ocidente e a terceira maior do mundo. Para atender aos prazos da chamada Lei do Clima, a expectativa é que até 2024 a cidade tenha 2,5 mil ônibus elétricos ou elétricos híbridos rodando.
Outras iniciativas de eletromobilidade no Brasil
São Paulo concentra a maior frota de ônibus elétricos do país e um exemplo é o Corredor Metropolitano ABD, exclusivo para ônibus e trólebus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP).
O corredor tem 33 quilômetros de extensão e liga São Mateus, no extremo leste da capital paulista, ao Jabaquara, na zona Sul, atravessando os municípios de Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema.
Belo Horizonte é outro caso. O município mantém um projeto piloto de ônibus elétricos e Salvador investiu na eletrificação do BRT, com a expectativa de ampliar o uso de veículos elétricos a bateria.
Em São José dos Campos, a Linha Verde foi o primeiro corredor 100% elétrico do Brasil e a compra de veículos a bateria foi feita com recursos da outorga do estacionamento rotativo.
Até 2024, Curitiba prevê o uso de 150 veículos elétricos a bateria nos corredores Inter 2 e BRT Leste-Oeste. A cidade, junto com Salvador e Rio de Janeiro, integra o projeto Tumi E-bus Mission, que apoia 20 municípios do mundo na implantação de sistemas de transporte com ônibus elétricos.
Eletromobilidade pelo mundo
No mundo, boas iniciativas não faltam. Londres tem quase 300 ônibus elétricos em circulação e, desde 2014, o órgão responsável pelo transporte público londrino adotou a política de introdução de ônibus limpos no país.
Além disso, Estados Unidos e outros países da Europa e Ásia dão cada vez mais espaço aos veículos movidos a energia elétrica – e não são apenas ônibus mais sustentáveis que estão no foco das discussões.
De acordo com a International Energy Agency, em 2021 foram comercializados 6,6 milhões de carros elétricos no mundo, o que representa 8,57% do total de vendas de automóveis no período. Na Noruega, o uso de veículos elétricos ultrapassa o de carros convencionais.
De volta à América Latina, Bogotá (Colômbia) prevê o crescimento da frota de ônibus como estratégia de eletromobilidade.
Vantagens da eletromobilidade para cidades e para empresas
Mesmo enfrentando desafios, a eletromobilidade traz uma série de vantagens para as cidades e as empresas que desejam investir em frotas mais limpas, seja por opção ou para se ajustar à legislação.
Veja alguns benefícios da eletromobilidade:
- Redução das emissões de CO e melhoria da qualidade do ar em centros urbanos. Nas cidades brasileiras, os transportes (incluindo outros modais além do rodoviário) representam 59,4% das emissões totais em São Paulo, 65,6% em Salvador e 66,6% em Curitiba.
- Redução da poluição sonora urbana, já que os modelos de ônibus elétricos são mais silenciosos.
- Redução dos custos operacionais em comparação com o diesel e menores custos com manutenção. Os veículos elétricos reduzem em cerca de 30% a demanda por peças de reposição, já que a maioria dos problemas que ocorrem em motores a combustão não ocorrem nos sistemas de tração elétrica.
- Oferta de um serviço melhor aos passageiros, em veículos mais confortáveis.
- Melhoria das condições de saúde da população, tendo em vista os benefícios do transporte por meio de ônibus elétricos para a qualidade do ar.
- Economia e menor custo de TCO (Total Cost of Ownership ou Custo Total de Propriedade) a longo prazo. Isso porque, embora o custo de aquisição seja mais alto, os outros custos durante o ciclo de vida da frota serão menores.
- Desenvolvimento sustentável e mais qualidade ambiental, já que os poluentes emitidos pelo escapamento dos veículos a combustão afetam as camadas mais baixas da atmosfera e podem causar danos às espécies vegetais nativas e culturas agrícolas.
- Segurança energética, pois os ônibus elétricos são mais eficientes em relação aos ônibus de combustão e ainda têm a vantagem de não depender do petróleo. Desta forma, as empresas ficam menos suscetíveis às variações de preço dos combustíveis.
- Uso de matriz energética renovável, tendo em vista que a energia produzida no Brasil é predominantemente de hidroelétricas.
- Mais qualidade no transporte coletivo, qualificação do sistema de transporte público e renovação da imagem das empresas e das cidades. Os investimentos em infraestrutura para eletromobilidade feitos por concessionárias e municípios os tornam referência.
- Vantagens e isenções, que aceleram o retorno do investimento (ROI). Além da economia de combustível e de manutenção, outras medidas amortizam o que foi gasto na aquisição dos veículos elétricos, como isenção de IPVA (alguns estados oferecem esse benefício), imposto de importação zerado, isenção de PIS/COFINS, benefício em rodízios e seguro normalmente mais barato.
12 dicas para implementar a frota elétrica
Empresas que precisam ou desejam complementar suas frotas com ônibus elétricos têm desafios a vencer, mas existem boas alternativas para que o investimento seja vantajoso.
Confira algumas dicas:
1. Pesquisa com fornecedores
Faça uma pesquisa qualificada sobre os melhores modelos, fornecedores, condições de compra e pagamento.
2. Planejamento estratégico
Inclua a compra de ônibus elétricos no planejamento estratégico da empresa, assim ficará mais fácil alocar recursos para esse investimento.
3. Recarga
A recarga e a autonomia dos ônibus elétricos são preocupações dos gestores de frota. Estude qual será a estrutura necessária para manter a frota elétrica abastecida, conforme o modelo de veículo escolhido.
4. Estrutura pública
Se a opção for a eletrificação da frota, confira a estrutura pública para absorver essa demanda e garantir o bom funcionamento dos serviços. Existem, ainda, cidades com legislação própria para que a migração ocorra gradualmente e, portanto, a sinergia entre empresas e poder público é fundamental.
5. Autonomia
Analise as operações e o contexto do negócio para fazer investimentos assertivos, considerando a autonomia dos veículos elétricos, que embora venha aumentando gradativamente, é um tema que requer atenção.
6. Agilidade no abastecimento
Estude o tempo de abastecimento do modelo elétrico escolhido. O carregamento elétrico rápido depende da potência do sistema de recarga. Quanto maior a potência, menor o tempo.
7. Parcerias e cooperações
Identifique as eletrovias já existentes e em operação no Brasil para estabelecer parcerias e convênios de cooperação.
8. Roteirização
Invista em roteirização para ser assertivo no uso da frota elétrica e planejar com mais facilidade as viagens e recargas, com base na localização exata e disponibilidade dos eletropostos.
9. Eletropostos próprios
Dependendo da demanda e do número de veículos elétricos, estude a viabilidade de instalar eletropostos próprios, assim, é possível cobrir sua necessidade sem depender de redes públicas.
10. Aluguel de equipamentos
Se a empresa não tem caixa para tanto investimento inicial, existe a possibilidade de alugar equipamentos de recarga. Considera essa possibilidade.
11. Gestão das recargas
Faça a gestão rigorosa das recargas para evitar falhas e interrupções indesejadas no serviço de transporte. Em muitas empresas com carregadores próprios, os veículos são recarregados durante a noite e ficam prontos para rodar durante o dia.
12. Dica de ouro
Para controlar os custos e a eficiência da frota de ônibus elétricos é preciso escolher um bom sistema de gestão empresarial.
Assim como acontece com o controle de combustíveis e a checagem de desempenho dos ônibus convencionais, no caso da frota elétrica é preciso uma integração com pontos de recarga para controlar a energia consumida, custo estimado de energia, tempo de recarga, quilometragem entre recargas etc.
Com o uso de softwares e um bom monitoramento a empresa consegue tirar o máximo de proveito dos ônibus elétricos.
Como gerenciar indicadores de transporte sustentável?
O sucesso das operações de transporte com ônibus elétricos requer ampla visibilidade operacional e gerenciamento dos indicadores de transporte sustentável. A eletromobilidade deixa de demandar a gestão de combustível, por exemplo, mas traz outras demandas.
Para obter alta performance é necessário monitorar a operação do início do fim, automatizar os processos e acessar dados confiáveis que norteiam a tomada de decisões com foco nas estratégias da empresa e tendências de mercado.
Além disso, para ter uma operação de excelência, é fundamental integrar os processos de manutenção, fiscal e operacional. A tarefa parece desafiadora, ainda mais para quem vai iniciar os investimentos em eletromobilidade.
A ajuda nessa missão passa pelo uso de um ERP desenvolvido para o transporte de passageiros. Uma empresa que pretende adotar uma cultura voltada à eletromobilidade deve dar atenção a inúmeros detalhes.
Se o controle de gastos com combustível deixa de ser o foco, ainda há que se fazer o controle de estoque das peças da oficina, dos planos de manutenção, da jornada dos motoristas, da venda de passagens, roteirização, aferição de pneus, check list de viagens etc.
Enfim, são grandes demandas que só soluções específicas para o transporte rodoviário de passageiros podem resolver e, principalmente, oferecer uma visão 360º na operação.
A Praxio é especialista nisso e tem uma série de recursos e tecnologias para ajudar as empresas que querem investir em eletromobilidade. Se você gostou deste artigo e quer saber mais sobre mobilidade sustentável, acesse nosso e-book sobre o tema.